De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a UNICEF, recomenda-se que o aleitamento seja unicamente materno até aos 6 meses de idade. A partir dos 6 meses de idade todas as crianças devem receber alimentos complementares, como por exemplo as sopas, papas, entre outros. Contudo, deve manter, se possível, o aleitamento materno até pelo menos aos 2 anos de idade. Leia este artigo e conheça todas as dicas sobre o leite materno e cuidados alimentares a ter em consideração durante o período de amamentação.

Benefícios da amamentação

A amamentação além de ser prática (leite sempre aquecido e pronto) e económica (menos gastos com alimentação e saúde do bebé fortalecida) traz muitas mais vantagens, quer para a mãe, quer para o bebé.

Para a mãe

  • Promoção da ligação entre a mãe e o bebé;
  • Promoção de involução uterina – O útero volta ao seu estado normal;
  • Prevenção de perdas de sangue no período pós-parto;
  • Contribuição para uma menor incidência de algumas doenças (cancro da mama; cancro do ovário);
  • Recuperação do peso.

 Para o bebé

  • Fornece todos os nutrientes para um desenvolvimento saudável e é facilitador da digestão;
  • Reforça o sistema imunitário;
  • Promove um melhor desenvolvimento cognitivo;
  • Ajuda a proteger a criança de algumas doenças infantis comuns como infeções gastrointestinais e respiratórias;
  • Promove uma melhor resposta à vacinação.

A amamentação traz também inúmeras vantagens do ponto de vista emocional. Afinal é uma interação rica entre mãe e filho que proporciona uma mútua satisfação e que preenche tanto o vazio como a rutura do pós-parto. Durante o período de amamentação tanto o afeto como o toque e o carinho são maiores, pois o bebé recebe da mãe um contato íntimo de aconchego e calor, os mesmos que sentia no útero da mãe. É uma relação de continuidade que proporciona à mãe e ao filho estreitar os laços de afetividade.

3 “etapas” do leite materno na amamentação

1. Colostro

Surge nos primeiros dias após o parto! Apresenta uma cor amarelada, é espesso, doce e rico em proteínas. No entanto, contém anticorpos que vão ajudar a proteger o bebé contra infeções, embora tenha um efeito laxante que promove a maturação do intestino.

2. Leite de transição

Aparece geralmente por volta do 3º dia! É um “leite” mais alaranjado, fluido e menos rico em proteínas. É, no entanto, mais rico em lactose e lípidos (gordura), para fornecer mais energia ao bebé.

3. Leite maduro

Surge no final da 2ª semana! Apresenta-se como um “leite” branco e ligeiramente transparente. Composto por proteínas, lactose, lípidos, água, vitaminas e sais minerais, embora não apresente a mesma composição ao longo da mamada. Pode-se falar de leite inicial (mais rico em água e lactose) e de leite final (mais rico em gordura), o que vai favorecer a sensação de saciedade do bebé.

Leite Materno

“Descida” ou “subida” de leite materno?

A “descida” de leite, como é mais corretamente denominado, pois fisiologicamente advém de uma ordem hormonal do cérebro para as mamas, traduz-se simplesmente na passagem do colostro (primeiro leite materno) para o leite de transição (leite intermédio entre o colostro e o leite maduro). Normalmente, acontece entre o 3º e o 5º dia pós-parto. Já que a produção de leite materno aumenta consideravelmente e, consequentemente ocorre um aumento não só do volume, como também da tensão das mamas, podendo mesmo causar algum desconforto e dor.

O que significa leite do início e leite do final?

Pode notar que o seu leite parece mais espesso e cremoso perto do final de uma sessão de amamentação. Isto acontece porque, à medida que a sessão de alimentação vai progredindo, a composição de gordura aumenta gradualmente, devido à mecânica do leite em movimento na mama. Chama-se frequentemente leite do final, enquanto o primeiro leite, mais “aguado” é conhecido como leite do início. Estes dois nomes podem levá-la a pensar que existe uma troca e que o leite do início passa a ser leite do final. Mas não existe! Esta mudança é um processo gradual e ambos são uma parte essencial de uma sessão de alimentação completa. Afinal são ricos em vitaminas, minerais, proteínas e açúcares.

O teor de gordura do seu leite tem a ver com a drenagem da sua mama. Os seus seios estarão mais cheios no início de algumas sessões de alimentação (leite com menos gordura) e mais vazios no início de outras (leite com mais gordura). Por isso, não se preocupe com o leite do início e o leite do final! Ao longo das 24 horas o seu bebé acaba por consumir a mesma quantidade de gordura por dia.

Composição do leite materno

Aqui estão alguns dos outros constituintes do leite humano presentes em todas as sessões de alimentação, muitos dos quais não podem ser replicados:

Células vivas

Estas incluem glóbulos brancos, que reforçam sobretudo o sistema imunitário e células estaminais. Assim, podem ajudar no desenvolvimento e regeneração dos órgãos.

Proteínas

Ajudam o bebé a crescer e a desenvolver-se! Ativam o seu sistema imunitário, desenvolvem e protegem os neurónios no seu cérebro. Todas essas proteínas do leite materno são compostas de aminoácidos embora existam mais de 20 destes compostos no leite materno. No entanto, alguns deles, denominados nucleotídeos, aumentam durante a noite embora os cientistas pensem que podem provocar o sono.

Oligossacarídeos

Atuam como pré-bióticos, favorecendo o desenvolvimento de “bactérias boas” no intestino. Igualmente impedem que as infeções entrem na sua corrente sanguínea e diminuem o risco de inflamação cerebral.

Enzimas

São catalisadores que aceleram as reações químicas no corpo. As que estão no leite materno têm tarefas como, por exemplo, ajudar a digestão e o sistema imunitário do bebé e ajudá-lo a absorver ferro.

Fatores de crescimento que sustentam o desenvolvimento saudável

Têm efeito em muitas partes do corpo do bebé, incluindo os intestinos, os vasos sanguíneos, o sistema nervoso e as glândulas, que segregam hormonas.

Hormonas

O leite materno contém imensas hormonas. Estes químicos inteligentes enviam mensagens entre tecidos e órgãos, para garantir que trabalham adequadamente. Alguns ajudam a regular o apetite e os padrões de sono do bebé, para além de reforçarem a ligação com a mãe.

Vitaminas e minerais

Nutrientes que sustentam o crescimento saudável e o funcionamento dos órgãos, além de ajudarem na formação dos dentes e dos ossos do bebé.

Anticorpos

Existem cinco formas básicas de anticorpos e todas podem ser encontradas no leite materno. Não só protegem o bebé de doenças e infeções, como também neutralizam bactérias e vírus.

Ácidos gordos de cadeia longa

Têm um papel crucial no desenvolvimento do sistema nervoso do bebé. Sobretudo ajuda no desenvolvimento de um cérebro e de uma visão saudáveis.

MicroARNs

Pensa-se que regulam a expressão genética e também ajudam a prevenir ou a parar o desenvolvimento de doenças. Por outro lado, sustentam o sistema imunitário do bebé e desempenham um papel na remodelação da mama.

amamentação

Amamentação: Dicas e conselhos

  • A mãe deve procurar manter o bebé perto de si, especialmente ao início, para conhecê-lo bem
  • Dar de mamar sempre que o bebé apresentar sinais precoces de fome e em horário livre
  • Assegurar uma pega correta
  • Manter as mamadas da noite
  • Evitar a utilização de mamilos artificiais, chuchas e biberões (o diferente posicionamento da língua confunde o bebé, que começa a ter dificuldade em mamar)
  • Ponderar devidamente a introdução de substitutos do leite materno (que interferem no processo para estabelecer e manter a produção e a quantidade de leite)

Horários, duração e intervalos da amamentação

A amamentação deve ser frequente, em horário livre, sem restrições na duração, nos intervalos ou no acesso a uma ou duas mamas em cada refeição. Não existe relação entre o tamanho do peito e a capacidade de produção de leite.

1. Deixar o bebé esvaziar completamente a mama e só depois oferecer a outra;

2. O bebé deve mamar até ficar satisfeito;

3. O intervalo livre entre as mamadas habitualmente não ultrapassa as 4 horas.

Preparação para a amamentação

  • Lavar bem as mãos
  • Escolher um lugar agradável e adotar uma postura confortável para que a mãe se sinta relaxada;
  • Se a mãe der de mamar sentada, as suas costas devem estar direitas e apoiadas assim como os braços. Os seus pés devem assentar completamente no chão e deve colocar uma almofada no colo para apoiar o bebé;
  • Se a mãe der de mamar deitada, deve deitar-se bem de lado, com uma almofada debaixo da sua cabeça e o ombro repousado na cama;
  • Se o bebé estiver a mamar bem, a mãe será capaz de o alimentar confortavelmente em qualquer local
  • Adaptar o bebé à mama.

É importante assegurar que o bebé faz uma boa pega pois caso não consiga, o bebé pode não ingerir a quantidade de leite suficiente durante a amamentação, podendo assim este processo ser doloroso e os seus mamilos ficarem magoados e/ou gretados.

Como posicionar o bebé para a amamentação

  • A mãe deve segurar o bebé bem aconchegado a si;
  • A barriga do bebé deve estar encostada à barriga da mãe (cabeça, ombros e corpo numa linha reta);
  • O nariz ou lábio superior do bebé devem estar na direção do mamilo;
  • Deve-se esperar que o bebé abra bem a boca (roçar levemente os lábios contra o mamilo);
  • Mover rapidamente o bebé para a mama, ou seja, “bebé para a mama e não mama para o bebé” (o mamilo e a aréola devem ficar na boca do bebé);
  • Verificar se a boca do bebé está bem aberta, o queixo encostado à mama e o lábio inferior voltado para fora;
  • A aréola é mais visível por cima do que por baixo da boca do bebé;
  • O padrão de mamar do bebé muda de sucções breves para longas, profundas e com pausas.

Cuidados alimentares durante a amamentação

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  • Fazer uma alimentação variada, com pouca gordura, muita fruta e verduras
  • Beber 2 a 3 copos de leite meio gordo ou gordo por dia (neste período é preferível ao leite magro) ou derivados (iogurte ou queijo)
  • Beber cerca de 2 litros de água por dia
  • Não beber bebidas alcoólicas
  • Evitar o café, chá e outras bebidas estimulantes
  • Os medicamentos mais frequentemente receitados às mães lactantes são compatíveis com a lactação, mas se for necessário fazer medicação deve-se consultar o médico.

Suplementação durante o período de amamentação

Durante a amamentação verifica-se um aumento de exigência de vitaminas, minerais e oligoelementos. Assim o estado nutricional da mãe não se altera pela produção do leite materno.

  • Ácido fólico (vitamina B9) – É necessário para o crescimento dos recém-nascidos. No entanto, durante a amamentação a sua concentração pode diminuir, pois são transportados para o leite materno.
  • Vitamina A – O leite materno é a melhor fonte de vitamina A para o recém-nascido. Contudo, a sua concentração tende a diminuir na lactação.
  • Vitamina D – A concentração de vitamina D no leite materno depende dos níveis de vitamina D a partir da mãe, embora seja necessária para a correta absorção de cálcio.
  • Iodo – Essencial para o bom desenvolvimento do bebé.
  • Cálcio – As necessidades de cálcio da mãe aumentam significativamente para manter os seus ossos mais fortes. É também necessário para a mineralização óssea do bebé.
  • Ferro – Necessário para a formação de hemoglobina. Igualmente importante para a mãe recuperar do parto e alcançar os níveis exigidos durante a lactação.
  • Omega-3 ácidos gordos – Nutrientes necessários para o corpo e que apenas podem ser ingeridos na dieta. Aconselhado pela sua estrutura, energia e benefícios funcionais.

Em caso de esclarecimento ou atendimento personalizado, não hesite em contactar-nos. A nossa equipa da Farmácia Maia quer online, quer presencialmente, terá todo o gosto em ajudar todas as mamãs e bebés neste processo único e especial de amamentação. Visite-nos!

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